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Lula envia Amorim à Ucrânia depois de mal-estar causado por sua fala ao visitar a China

“O Celso Amorim foi conversar com [o presidente russo Vladimir] Putin, como meu emissário especial, e vai agora conversar com a Ucrânia. Aí a gente vai juntando essas conversas — é que nem palavra cruzada, vai juntando essas conversas e vamos ver quais são as palavras que permitem que as pessoas se sentem em torno de uma mesa. E para isso, tem que parar de atirar. Esse é o meu dilema“, disse o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Brasília, nesta terça (9).

Essa talvez seja uma tentativa de amenizar o mal-estar causado pela fala do presidente, quando de sua visita a China, ao comentar sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e que soou quase como um apoio de Lula à Putin, nessa batalha. Ao menos, é assim que alguns analistas pensam sobre a ida de Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, para uma reunião com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, agendada para esta quarta-feira (10).

Depois da visita de Luiz Inácio ao país asiático, alguns países a exemplo dos Estados Unidos, mandaram uma espécie de recado para o brasileiro. Na ocasião, entre outras coisas, Lula havia afirmado, segundo a BBC News Brasil, que EUA deveriam “parar de incentivar a Guerra na Ucrânia”. Também alegou que o dólar não deveria ser a moeda para transações internacionais.

Ao ser perguntada sobre o assunto, Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos Estados Unidos na ONU (Organização das Nações Unidas), que esteve aqui no Brasil no início deste mês, respondeu que seu país havia ficado “desapontado” com a declaração do presidente brasileiro.

Com certeza a visita [de Celso Amorim] é uma tentativa de recuar um pouco das declarações de Lula que soaram como linguajar russo e vai ajudar a melhorar o diálogo e o ambiente com o G7. Aliás, acho que tem mais chance de ser útil para o sucesso com o G7 e pra fazer andar outras pautas do Brasil, como meio ambiente e acordo comercial Mercosul e União Europeia, do que propriamente levar a algum processo de paz“, afirma Brian Winter, editor-chefe da publicação americana Americas Quartely, ouvido pela BBC News.

Também, John Kirby jornalistas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, chegou a dizer que “o Brasil está papagueando a propaganda russa e chinesa sem observar os fatos em absoluto“.

Lula agora tenta convencer o G7 (formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), de que o Brasil possa ser uma opção de diálogo deles com os BRICS (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

No momento em que se discute a busca pela paz entre Rússia e Ucrânia, especialistas analisam que a fala do presidente brasileiro na China, tenha estremecido a relação do Brasil com o G7. E a aproximação comercial de Lula com a China, que vem brigando com EUA e países da Europa, também pode afetar a economia brasileira com essas lideranças globais.

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