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Febre em crianças: erros que você não pode cometer

Medicar sem necessidade, correr para o pronto-socorro ou ignorar sinais de alerta: pediatras revelam o que realmente preocupa e o que é mito.
 

*Por: Dra. Juliana Alves Barreto Ribeiro

Deu febre, corre para o pronto-socorro?” Nem sempre. A febre é uma das maiores causas de preocupação entre os pais, mas especialistas alertam: na maioria dos casos, ela é apenas um sinal de que o corpo está reagindo a uma infecção e não um motivo para desespero. Por outro lado, há sinais que não podem ser ignorados e exigem avaliação médica imediata. O desafio está em saber reconhecer o que é grave e o que pode ser manejado em casa, com calma e observação.

De acordo com a Dra. Aline Piedade, pediatra membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a febre em bebês com menos de 3 meses sempre requer avaliação médica, independentemente do valor no termômetro. “Em crianças maiores, o mais importante é observar o comportamento. Se estiver prostrada, com dificuldade para respirar, vomitando muito, com manchas na pele ou convulsões, ou se a febre persistir por mais de 72 horas, é preciso investigar“, afirma.

A temperatura considerada preocupante varia com a idade: acima de 37,8°C em bebês menores de 3 meses já é sinal de alerta. Entre 3 e 36 meses, a partir de 39°C merece mais atenção. Acima dessa idade, o número em si importa menos do que o estado geral da criança.

Já a Dra. Juliana Alves, pediatra e neonatologista especializada em Pediatria Integrativa, reforça que a febre é uma resposta natural do corpo. “Ela ativa o sistema imunológico e ajuda a eliminar vírus e bactérias. Por isso, nem sempre precisa ser combatida. O foco deve ser no bem-estar da criança. Se ela está brincando, hidratada, se alimentando, podemos só observar“.

Entre os erros mais comuns, as médicas apontam:

  • Medicar com antitérmicos logo no primeiro sinal de aumento de temperatura;
  • Alternar medicamentos sem orientação;
  • Cobrir demais a criança ou dar banhos gelados;
  • Ignorar sinais comportamentais e focar apenas no número do termômetro;
  • Usar antibióticos sem indicação médica.

Outro ponto importante é a convulsão febril, que assusta muitos pais. Apesar do susto, a Dra. Juliana tranquiliza: “Elas são mais comuns entre 6 meses e 5 anos, têm origem genética e geralmente não deixam sequelas. Mesmo assim, a criança deve ser avaliada após um episódio“.

Em casa, alguns cuidados podem fazer toda a diferença: manter a criança hidratada, em ambiente arejado, com roupas leves, alimentação leve e tempo para descansar. “Pais calmos e bem-informados contribuem muito para uma recuperação mais tranquila“, diz a Dra. Aline.

Febre não é vilã. O que exige atenção é o contexto, o comportamento da criança e a escuta ativa dos sinais que o corpo emite. Nem todo pico de temperatura precisa de remédio, mas todo pai e mãe precisa de informação.

*Dra . Juliana Alves Barreto Ribeiro (CRM 112646 @drajualves), é formada na Faculdade de Ciências Médicas de Santos; Residência médica em pediatria e neonatologia pela Faculdade de Medicina da USP; Título de Especialista em Pediatria ( TEP) pela SBP; Título de Especialista em neonatologia ( TEN) pela SBP; Pós graduação em neonatologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein; Atuou como médica pediatra e neonatologista no Hospital das Clínicas ( HCFMUSP) de 2008-2012; Atuou como pediatra e neonatologista no Hospital São Luiz de 2009-2019; 16 anos de experiência como médica pediatra e neonatologista.

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