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Câmara de Cruz das Almas: sessão que seria para votar o TAC da Santa Casa não aconteceu; mas cumpriu-se o expediente

*Matéria atualizada, as 12h:23min

Mesmo sem haver projetos para apreciação e votação, após a retirada da pauta, do PL (Projeto de Lei 006), de autoria do Poder Executivo, que solicitaria ao Legislativo, a autorização para celebrar um Processo de Inexigibilidade e firmar contrato com a Santa Casa de Misericórdia, existente na cidade, a Sessão da Câmara Municipal de Cruz das Almas, cumpriu seu expediente, apenas com a leitura de textos da reunião, além de alguns parlamentares que utilizaram, respectivamente, o Pequeno e Grande Expedientes para breves discursos.

A sessão da noite desta segunda-feira (4), seria exclusivamente para tratar do pedido do prefeito Ednaldo Ribeiro, no qual a prefeitura poderia celebrar um novo TAC (Termo de Ajustes e Conduta) com a Santa Casa, para que a entidade pudesse continuar recebendo sua verba mensal, estipulada em pouco mais de R$282 mil, uma vez que esse repasse correria o risco de ser suspenso temporariamente, por pendências documentais da unidade de saúde.

Porém, durante o dia de ontem, o procurador do município Mauro Teixeira Barretto, se reuniu, segundo ele, com o promotor de Justiça do Ministério Público, sessão de Cruz das Almas, doutor Adriano Marques, com a diretoria e advogados da Santa Casa, além de outros promotores do MP de Salvador e ficou definido a celebração de um novo TAC com a Santa Casa de Misericórdia, renovando o prazo, para que a entidade se comprometa, com os órgãos, a adotar medidas para solucionar o problema.

Com isso, de acordo com Teixeira, “a gente vai celebrar esse TAC, de sorte que, com a celebração desse TAC, o Projeto [enviado à Câmara] perdeu o objeto. Daí a gente ter pedido a retirada dele de pauta“, disse o procurador, em entrevista à Roger Cerqueira, do Informe Cruz e Rádio Transbrasil… (confira abaixo, a íntegra da fala).

A retirada do projeto da pauta da Câmara, aconteceu momentos antes de acontecer a Sessão Ordinária da Casa.

Para a bancada de oposição e advogados da Câmara, o projeto era inconstitucional. Porém, seria aprovado com base em emendas propostas.

Entenda o caso, conforme detalhado pelo procurador do município, na entrevista.

A Santa Casa de Misericórdia, ela vem, já há algum tempo, passando por uma série de dificuldades… que não permitem que ela consiga Certidões de Regularidade Fiscal. [Por conta disso] o que aconteceu? Em 2002, a prefeitura foi compelida a rescindir o contrato com a Santa Casa. Nessa ocasião, o prédio da Santa Casa foi arrendado para uma empresa chamada APMI (Associação de Proteção a Maternidade e a Infância), [do município] de Castro Alves, por R$20 mil mensais. E a APMI contratualizou com a prefeitura, na gestão do ex-prefeito Orlandinho (Orlando Peixoto Pereira Filho – PT), em 2012. E [a prefeitura] permaneceu contratualizado com a APMI até o final de 2014 ou início de 2015, [já] na gestão de Dr Jean (Raimundo Jean Cavalcante Silva). – O que aconteceu nessa época? Houveram uma série de denuncias, o diretor da APMI chegou a ser convocado pra vir pra Câmara de Vereadores para prestar esclarecimentos, porque existiram alguns óbitos na Santa Casa, de recém-nascidos. E isso motivou a rescisão do contrato da prefeitura com a APMI, diante de tantas denúncias… E isso, acabou fechando o prédio da Santa Casa, porque a Santa Casa há época não possuía [mais] condições de contratualizar com a prefeitura. Quando Ednaldo [Ribeiro – vice-prefeito de Dr Jean, na ocasião] entrou [assumiu o lugar do prefeito, que foi afastado] no meado de 2015, a gente começou as tratativas com a Santa casa e com o Ministério Público, na pessoa do doutor Adriano [Marques – promotor], para tentar reabrir a Santa Casa. E doutor Adriano, teve um papel importantíssimo na época. Nós fizemos várias reuniões e no meado de 2016, a gente conseguiu celebrar um TAC, que é um Termo de Ajustamento de Conduta, entre prefeitura, Santa Casa e Ministério Público. TAC esse, que autorizava que a prefeitura, contratualizasse [novamente] com a Santa Casa e a Santa Casa estaria desobrigada de apresentar essas certidões negativas, por um período de 12 meses até que ela regularizasse essa situação, com relação a regularidade fiscal deles. Fizemos esse TAC e 2016 e tentamos de todas as formas a reabertura da Santa Casa, acabou que não aconteceu. E só veio acontecer, no mês de março de 2017, já na gestão de Orlandinho… que na época, pra [voltar a] contratualizar com a prefeitura, ele utilizou esse TAC que foi celebrado na gestão de Ednaldo. E aí por conta da existência desse TAC ele contratualizou com a Santa Casa e a Santa Casa pôde voltar a funcionar. Esse TAC, como eu te disse, [ao celebrarmos] ele tinha um prazo de validade de 12 meses, ele conseguiu renovar esse TAC por mais 12 meses e depois por mais 12 meses e assim o fez durante os quatro anos de gestão dele. Renovando esse TAC com a Santa Casa e concedendo novos prazos à Santa Casa. Quando Ednaldo [eleito em 2020] assumiu [a prefeitura] agora em janeiro de 2021, nós imediatamente procuramos o Ministério Público, para saber como que estava a situação desse TAC e… tinha um prazo de validade até fevereiro de 2021. E nós procuramos o Ministério Público na pessoa do doutor Adriano e conseguimos convencer ele […], a renovar esse TAC por mais 12 meses, para que desse mais um prazo para à Santa Casa, para que ela tentasse regularizar a situação. E assim, foi feito. Nós celebramos mais um TAC em fevereiro de 2021, com a Santa Casa, com a participação do Ministério Público e foi concedido à Santa Casa um [novo] prazo de 12 meses, até fevereiro de 2022 agora, para que ela tentasse solucionar os problemas. – O que que acontece? O contrato com a Santa Casa, que Orlandinho celebrou em 2017, tinha um prazo de validade de 60 meses, 5 anos. Então, ou seja, começou a vigência em março de 2017 e terminou agora em 13 de março de 2022. Quando esse TAC estava para vencer, ainda no mês de janeiro [2022], eu pessoalmente, procurei o doutor Adriano, pra pedir à ele que a gente conseguisse celebrar um novo TAC com a Santa Casa, haja visto que a Santa Casa […] não tinha conseguido solucionar o problema, para que a gente concedesse mais um prazo à Santa Casa. Doutor Adriano, a princípio, se recusou [a renovar o prazo], dizendo o seguinte: – que ele não ia mais celebrar TAC com a Santa Casa, porque a Santa Casa, até então, não teria cumprido as clausulas dos TACs que foram celebrados durante os cinco anos. A Santa Casa não teria demonstrado quais foram as medidas que ela tomou, para minimizar os problemas que ela tinha. Então, que ele não estaria disposto a renovar esse TAC. Eu tentei convencer ele […] pedi. Os advogados da Santa Casa também tentaram, conversaram com ele… de sorte que ee estava irredutível, ok? – O que foi que aconteceu? O contrato venceu no dia 12 de março. Pra a gente renovar contrato, a gente precisava, ou do TAC, ou das Certidões Negativas. […] A gente não tia nem o TAC, nem as Certidões Negativas. Então a alternativa que a gente viu naquele momento, foi encaminhar o Projeto de Lei (PL 006) pra Câmara… não legislando sobre licitações e contratos. Mas [sim], tentando obter da Câmara, um autorização para que a gente contratualizasse com a Santa Casa, desobrigando a Santa Casa de apresentar esse TAC, ou [ops] essas Certidões Negativas. Ou seja, o objeto do Projeto de Lei era esse. Se você tiver oportunidade de ler o Artigo 2ª do Projeto, você vai ver lá Que o objeto é esse… que a gente pudesse celebrar um novo Termo de Ajustes com a Santa Casa, sem a participação do Ministério Público, porque o Ministério Público estava irredutível [em sua decisão] e desobrigando a Santa Casa de apresentar essas certidões. Então, o objeto do Projeto de lei era esse… tá certo? [Mas] o que aconteceu? A gente protocolou [na Câmara de Vereadores] na semana passada esse Projeto de Lei. Foi convocada uma sessão pra hoje [ontem 4], pra tratar sobre isso. Só que hoje pela manhã, as nove e meia, eu fui convocado para uma reunião… onde estavam presentes, doutor Adriano, os dirigentes da Santa casa, os advogados da Santa Casa e outros promotores do Ministério Público de Salvador e lá, a gente conversou e o Ministério Público se conversou de que a gente deveria conceder à Santa Casa, mais um prazo e que a gente deveria celebrar um novo Termo de Ajustes e Conduta com a Santa Casa, concedendo à ela esse prazo, agora, que a Santa Casa estaria comprometida, a dentro desse prazo, demonstrar ao Ministério Público e a prefeitura, que ela venha cumprindo, venha adotando medidas para efeito de minimizar esses problemas. E aí ficou combinado isso. A gente vai celebrar esse TAC, de sorte que, com a celebração desse TAC, o Projeto [enviado à Câmara] perdeu o objeto. Daí a gente ter pedido a retirada dele de pauta“, explicou o procurador Mauro Teixeira.

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