
(Fotos: Divulgação/Sesab)
O Estado da Bahia esteve representado em uma missão internacional que discutiu o futuro do parto humanizado no país. Paulo Barbosa, subsecretário da Saúde do Estado foi o enviado da Sesab (Secretaria de Saúde da Bahia), a convite da Embaixada da França no Brasil. Ele integrou uma delegação oficial que visitou centros de referência franceses, especializados em analgesia no parto natural — técnica que permite à mulher vivenciar o nascimento com conforto, segurança e autonomia.
A informação foi repassada pela própria Sesab, nesta terça-feira (28), afirmando que a missão contou também com representantes da Fiocruz, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-UFBA) e das secretarias de saúde do Rio de Janeiro e de Fortaleza.
De acordo com o comunicado, o grupo conheceu a experiência francesa, em que a analgesia é oferecida como opção às gestantes ainda durante o pré-natal, reconhecida como um direito das mulheres e um dos pilares da humanização do parto. Naquele país, essa prática tem sido decisiva para reduzir o número de cesarianas. Com o uso amplo da analgesia peridural, “a França mantém taxas em torno de 20% de cesarianas, enquanto o Brasil apresenta cerca de 60%, a segunda maior taxa do mundo“.
Segundo Paulo Barbosa, “na França, a mulher escolhe como quer viver o parto. A analgesia é uma decisão informada, que garante segurança para a mãe e para o bebê. No Brasil, muitas mulheres recorrem à cesariana apenas pelo medo da dor. Queremos mudar essa realidade e ampliar o direito à escolha“.

Durante dois dias, a comitiva visitou a Maternidade Denis Mukwege, do CHU (Centro Hospitalar Universitário) de Angers, considerado referência mundial em parto humanizado. O grupo segundo a Sesab, foi recebido pelo professor Philippe Descamps, líder de uma equipe multidisciplinar reconhecida pela excelência técnica e pelo acolhimento às gestantes.
Ainda conforme a divulgação, nesta quinta-feira (30), os representantes brasileiros seguiram para o CHU de Lille, “outro centro de excelência em analgesia no parto natural“. Também foi anunciado que a “Bahia está em tratativas para integrar o Projeto de Cooperação Internacional liderado pela Fiocruz-RJ e pelo ISC-UFBA, que promove a troca de experiências entre equipes assistenciais brasileiras e francesas“. A proposta prevê a participação inicial de sete maternidades baianas, com início previsto para 2026.
O informativo diz que “ainda neste ano, uma delegação francesa virá à Bahia para uma agenda de trabalho com diretores e equipes das maternidades estaduais“.
Esse intercâmbio visa alinhar protocolos de ações conjuntas para a implantação do modelo francês de analgesia no parto natural na rede pública baiana. “Essa missão é um passo importante na construção de um novo olhar sobre o nascimento. A Bahia quer ser protagonista na defesa do parto natural com analgesia, que é, antes de tudo, uma questão de dignidade e de direito das mulheres”, concluiu o subsecretário.