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Estudo mostra que até 2030, 68% dos brasileiros poderão estar com excesso de peso; 26% estarão obesos

Um estudo denominado A Epidemia de Obesidade e as DCNT (Doenças Crônicas não Transmissíveis) – Causas, Custos e Sobrecarga no SUS, realizado por uma equipe de 17 pesquisadores de diversas universidades do Brasil e uma do Chile, mostra dados preocupantes sobre excesso de peso e a obesidade na população brasileira, até 2030.

Os trabalhos foram realizados com apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), SUS (Sistema Único de Saúde), MS (Ministério da Saúde) e governo federal.

Na projeção feita, comparou-se a prevalência do excesso de peso aqui no Brasil, a partir de 2006. Naquele ano, 42,6% dos brasileiros se enquadravam nesse grupo. Em 2019, esse percentual aumentou para 55,4%. As novas pesquisas, apontam que nos próximos oito anos, essa proporção possa chegar a 68%, caso não haja ações efetivas para combater esse processo. Já a obesidade, a mudança foi de 11,8%, para 20,3%.

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No mundo, o cenário daqueles que estão acima do peso triplicou, entre 1975 até 2016, tingindo 36% da população. Os obesos, equivalem a 13%.

Em relação ao Brasil, há uma preocupação sobre o impacto disso no SUS. “Estimativas que preocupam ao considerarmos o risco associado de diversas Doenças Crônicas não Transmissíveis e, consequentemente, os impactos no Sistema Único de Saúde“, descreve o estudo. E chama a atenção para os custos hospitalares e ambulatoriais que vêm crescendo de forma expressiva. Em 2019, o gasto com doenças crônicas não transmissíveis chegou a R$ 6,8 bilhões. Estima-se que 22% desse valor (R$ 1,5 bilhão), atribui-se ao excesso de peso e obesidade.

De acordo com os pesquisadores, as DCNTs são causadas por diferentes fatores. Alguns deles, podem apresentar uma latência longa e afetar pessoas, causando incapacidades funcionais. Exemplos disso, são as doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, as neoplasias (cânceres) e a diabetes mellitus.

Em 2019 elas foram responsáveis por 55% das 738.371 mortes de adultos no Brasil. Dessas, 173.207 ou 56,1%, ocorreram entre 30 e 69 anos de idade e, portanto, são consideradas prematuras e evitáveis“, destacam os pesquisadores. (Clique aqui e tenha acesso à íntegra da pesquisa)

Outros fatores

Imagem: Reprodução/Pesquisa

Outros fatores de riscos para DCNTs, apontados na pesquisas são: tabagismo, consumo abusivo de álcool, alimentação não saudável e inatividade física.

Além disso, há os riscos metabólicos, como: hipertensão (pressão arterial elevada), hiperglicemia (glicose elevada no sangue) e excesso de peso/obesidade.

Por outro lado, a pesquisa mostra que para identificar as causas da obesidade em populações, com influência de fatores compartilhados por seus indivíduos, é preciso ter um olhar cuidadoso.

Precisamos olhar para a grande variabilidade da prevalência de obesidade entre países, regiões e ao longo do tempo. Quando uma população que divide hábitos culturais entre si tem uma prevalência de obesidade maior do que outra população, com hábitos diferentes, temos um indício da influência do comportamento coletivo sobre as pessoas. Um bom exemplo, e para o qual há muitos dados, é o dos Estados Unidos“, diz.

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Entre os americanos, segundo o levantamento, em uma década (1960 e 1970), a prevalência de obesidade se mantinha estável entre todas os estratos etários da população. Porém, a partir de 1975, pode-se observar um rápido aumento. Os pesquisadores listaram alguns eventos que afetaram a dieta coletiva deles nesse período.

  • Mudanças nas leis agrícolas no país;
  • Marketing acelerado;
  • Disponibilidade e acesso a alimentos com alto teor calórico; e
  • Introdução no sistema alimentar de adoçantes como xarope de milho, com alto teor de frutose.

A maioria dos países têm passado por mudanças importantes no sistema alimentar, com consequências na mudança no padrão da dieta. E é dentro desse contexto de mudança que surge a preocupação com os alimentos ultraprocessados“, revela o estudo.

Ainda de acordo com os dados, existem estudos epidemiológicos que mostram uma associação entre consumo de alimentos ultraprocessados e o aumento no risco da obesidade e diversas DCNTs.

Políticas públicas

Imagem: Reprodução/Pesquisa

Estratégias de identificação e controle das causas populacionais que levam à obesidade devem ser prioridade da ação dos gestores. Se os fatores determinantes de aumento da prevalência da obesidade são populacionais, a estratégia de prevenção precisa ser social e coletiva, por meio de políticas públicas eficazes” sugere a pesquisa.

Diante disso, aqui no Brasil, temendo o custo gigantesco para as contas do governo e o colapso do SUS, o Ministério da Saúde, em seu recém publicado “Plano de Ações Estratégicas para enfrentamento das DCNT no Brasil (2021-2030)” estipulou a meta de deter o crescimento da obesidade em adultos no país, até 2030.

Segundo os responsáveis pela pesquisa, “[…essa meta dificilmente será alcançada sem ações, programas e políticas públicas…]”. E apontam que além disso, existem leis que necessitam ser implementadas para facilitar o acesso da população a alimentação saudável. Tais como:

1 Reforma tributária do sistema alimentar;
2 Tributação de alimentos ultraprocessados, como bebidas açucaradas;
3 Informação nutricional mais clara e simples no rótulo dos produtos;
4 Regras para a publicidade de alimentos, principalmente para crianças;
5 Ampliação do acesso a alimentos orgânicos;
6 Restrição do uso de agrotóxicos.

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