Black Friday… ou Black Fraude?

Por: JC Santana
Eu ouvi muitos relatos de pessoas, reclamando sobre o engodo da Black Friday acontecida neste final de semana. Pessoalmente ou através da grande mídia, o que não faltou, foi crítica ao que se poderia chamar de ‘propaganda enganosa’ das lojas.
No centro da cidade de São Paulo, as grandes lojas do varejo, que usaram muito do marketing, atraíram milhares de clientes durante a feira. Pessoas vindas de bairros distantes e até mesmo de outras cidades, fizeram filas desde cedo, na tentativa de pegar o produto de interesse.
Talvez o que muitos não sabiam, ou pelo menos não se deram conta, foi que, boa parte dos preços aplicados naquele dia, em alguns produtos, era e, continua sendo (dois dias após a BF), os mesmos cobrados em dias normais de comercialização.


Pelo menos em duas categorias que eu estava pesquisando (por interesse na aquisição), smartphones e notebooks, por exemplo,os valores que constavam das vitrines, não sofreram reduções em relação aos dias anteriores. Observando os comportamentos de clientes no interior das lojas e conversando com vendedores, era possível constatar também, as frustrações deles. “O preço não mudou nada”, diziam alguns.
Por sua vez, a Fundação PROCON-SP, que já esperava a demanda de reclamações, estampou um banner em sua página na internet, onde os clientes que se sentissem lesados, poderiam se cadastrar e registrar denúncias. Também anunciou que havia uma equipe de plantão para acompanhar possíveis fraudes.

Conferindo o site da Instituição nesta segunda-feira (27/11), ainda não havia qualquer sinal do levantamento final dos acontecimentos desta sétima edição aqui no Brasil, deste modelo de negócio inspirado nos Estados Unidos. Mas a Fundação, mostra os números registrados no ano passado.
O plantão montado pelo Procon-SP em 2016 registrou 2.040 atendimentos. Os principais problemas relatados foram: pedido cancelado sem justificativa (35,6%), produto/serviço anunciado indisponível (11,8%), mudança de preço ao finalizar a compra (11,5%) e maquiagem do desconto (8,7%). A empresa mais reclamada foi a Adidas, seguida pelos grupos Pão de Açucar (Pão de Açúcar / Extra / Pontofrio.com / Casasbahia.com / Casas Bahia / Ponto Frio) e B2W (Americanas.com, Submarino e Shoptime)
Fundação Procon-SP
Assessoria de Comunicação
Se no balanço de um ano atrás, o Procon já havia comprovado irregularidade e este ano, as reclamações continuaram, significa, no mínimo, que as empresas citadas não sofreram nenhuma punição.
Logo cabem as perguntas… para que serve o PROCON então? De que adianta pedir para os clientes reclamarem, se no ano seguinte acontece tudo de novo?
Porque na prática, o que mais a gente acompanha também, no dia a dia, são empresas sendo reincidentes em suas práticas abusivas contra nós clientes e pouca ou nenhuma punição severa acontece para coibir isso.
Em sua descrição, a Instituição se auto define “O Procon-SP tem como missão principal equilibrar e harmonizar as relações entre consumidores e fornecedores. Tendo por objetivo elaborar e executar a política de proteção e defesa dos consumidores do Estado de São Paulo. Para tanto conta com o apoio de um grupo técnico multidisciplinar que desenvolve atividades nas mais diversas áreas de atuação”…
Particularmente, eu não acredito quando alguns órgãos fiscalizadores e reguladores, usam a imprensa para dizerem… ‘a empresa tal foi multada em (…) milhões por praticar tal crime’.
Lamentavelmente é dificil acreditar, por dois motivos simples… Primeiro, ninguém vê a grana sendo paga. Segundo, porque, de tempos em tempos, a mesma empresa continua cometendo os mesmos abusos.