163 milhões de brasileiros acessaam a internet e conexão exclusiva via celular aumenta
*Por: Isabel Butcher
O Brasil soma 157 milhões de usuários de internet, aponta a pesquisa TIC Domicílios 2025, o que representa 85% da população do país. Se forem consideradas as pessoas que afirmam não serem usuárias, mas que acabam por responder que fazem uso de aplicativos que necessitam de dados, esse número sobe em 6 milhões e chega a 163 milhões de usuários de internet, uma proporção de 88% da população brasileira.
Não usuários de internet
Enquanto isso, 28 milhões de pessoas não são usuárias de internet no Brasil. A proporção é maior na área urbana (23 milhões) em comparação com a área rural (5 milhões). “Como o país é predominantemente urbano, os não usuários de internet também se concentram nessas áreas, seja nos centros urbanos ou regiões periféricas”, diz Fábio Storino, coordenador da TIC Domicílios 2025, apresentada nesta terça-feira, 9.
Entre indivíduos do ensino fundamental, existem 20 milhões de não usuários de internet e 17 milhões se identificam com as cores preta ou parda; 16 milhões são do sexo masculino (contra 12 milhões do sexo feminino) e, com relação à faixa etária, mais da metade tem mais de 60 anos (16 milhões) e, entre as classes sociais, a classe DE possui 14 milhões de não usuários e na classe C, 12 milhões.
Acesso exclusivo pelo celular
O acesso à internet feito unicamente por telefones celulares representa quase dois terços da população (65%), um aumento de 5 p.p. em relação ao ano passado, quando a proporção era de 60%. Entre os homens houve um aumento de 10 p.p, chegando a 64% de acessos realizados unicamente por telefone celular, se aproximando das mulheres (65%). Entre a população preta, o aumento foi de 17p.p., chegando a 73% desta população.
“Quando olhamos indicadores que mostram a qualidade desse acesso, as diferenças entre a população branca e a população preta/parda se torna mais visível, assim como as diferenças por grau de instrução”, ressaltou.
Com relação à classe social, a diferença é bastante expressiva. Enquanto na classe A, a maioria (95%) acessa internet por meio de múltiplos dispositivos, 87% da população DE acessa a internet exclusivamente por telefone celular.
Indicador inédito: uso do pacote de dados do celular
A TIC Domicílios 2025 investigou pela primeira vez mais profundamente o uso dos pacotes de dados e o que acontece quando eles se esgotam. 39% das pessoas com celular tiveram seu pacote esgotado antes do fim do período pelo menos uma vez nos últimos três meses, o que representa 64 milhões de indivíduos.
Segundo a TIC Domicílios 2025, a proporção de indivíduos com telefone pré-pago e que acabou o pacote de dados pelo menos uma vez em três meses no país foi de 68%.
Sobre a experiência de uso da internet após o esgotamento dos dados, 16% dessas pessoas tiveram acesso somente a algumas aplicações que tinham o hábito de usar. Já 15% não conseguiram usar nenhum app, 8% dessas pessoas conseguiram usar os aplicativos que tinham o costume de utilizar, e 55% dos respondentes tiveram o plano de dados esgotado.
Após o fim do pacote de dados, um terço (33%) dos respondentes perceberam redução da velocidade e 30% colocaram mais créditos ou contrataram um pacote adicional de dados.
Celular, tablet ou computador
Um terço dos domicílios (32%) possuem ao menos um computador – considerando tablets, notebooks, laptops e computadores de mesa. Porém, há uma diferença grande entre regiões – com mais presença no Sul e no Sudeste do país –, e entre classes, com 97% dos domicílios da classe A com ao menos um computador, enquanto as DE somente 10% possuem. A diferença também é expressiva entre a área urbana (34%) e a rural (15%).
“Fizemos um cruzamento nos domicílios que possuem computador. E 69% dos usuários de internet que moram nesses domicílios acessaram a rede por esse dispositivo. E em domicílio sem computador, apenas 8% dos usuários de internet acessaram pelo computador”, disse o coordenador da pesquisa.
Embora o computador possa estar presente em outros ambientes, como escola, a presença deles na residência está relacionada ao acesso da rede e à qualidade deste acesso.
“A pesquisa vem mostrando que o aproveitamento da internet, as possibilidades das tecnologias, quando se acessa por múltiplos dispositivos, não apenas de uma tela pequena do celular, mas de uma tela grande, o uso da internet é mais rico e mais diverso. Por isso é importante olhar para os dispositivos de acesso à internet”, explicou Storino.
Conectividade significativa
A pesquisa também abordou alguns aspectos que fazem parte da conectividade significativa, como: acessibilidade financeira; acesso a dispositivos; qualidade da conexão; e ambiente de uso. De uma pontuação que varia de zero a nove, a TIC Domicílios separou em quatro grupos a população brasileira. Enquanto 85% da população brasileira está conectada, somente 20% está na faixa mais alta com qualidade de acesso da conectividade significativa.
“Isso faz com que a gente olhe também para aspectos da qualidade desse acesso, que garante uma boa experiência de uso da internet”, disse Stavino. “A boa notícia é que tem diminuído a proporção da população brasileira que está na faixa mais baixa de conectividade significativa. Houve, em 2025, uma redução de 4 p.p. em relação à 2024, chegando a 30% neste ano. A má notícia é que, entre as faixas mais altas, houve um cenário de estabilidade desde 2023. Tem havido uma transferência para a segunda pior faixa. A melhora tem sido incremental, entre um ou dois indicadores, dificultando chegar nas pontuações maiores”, contou.
Atividades realizadas na internet: apostas online: Em 2025, a pesquisa TIC Domicílios passou a coletar o indicador de realização de apostas online. Nesta edição, o estudo constatou que 19% dos usuários de internet fizeram alguma aposta online nos últimos três meses, representando 30 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais. Usuários do sexo masculino chegou a 25% e, entre as mulheres, 14%. Foram coletados quatro tipos de apostas. Em cassino, tipo Jogo do Tigrinho (média de 8%), rifa digital ou sorteio (7%), aposta esportiva (7%) e loteria federal (7%). “Aqui não perguntamos sobre montante ganho ou perdido. Só perguntamos se realizamos aquela atividade”, explicou o coordenador.
Banda larga fixa: Em 2025 houve um aumento significativo das conexões por cabo ou fibra ótica de 8 p.p., chegando a 73% ante 66% de 2024. A rede móvel, por sua vez, registrou queda, chegando a 11% em 2025, enquanto um ano atrás, era a conectividade principal de 15% dos domicílios. – A fibra ótica teve um avanço significativo em um ano, passando de 91% para 95% dos domicílios da classe A; de 84% para 88% entre as residências da classe B e um incremento de 7 p.p. da classe C, de 69% para 75%. E, entre os domicílios das classes DE, o pulo foi de 11 p.p., de 49% para 60% em 2025.
Números gerais e históricos da TIC Domicílios 2025
A pesquisa encontrou acesso à internet em 86% dos domicílios brasileiros, um aumento de 3 p.p. em relação a 2024, quando chegou a 83%. Por classe social, houve um aumento de 6 p.p. ano contra ano, e, em 2025, a proporção de domicílios com acesso à rede foi de 73% ante 68% um ano atrás.
Historicamente, a diferença entre a classe mais alta e as mais baixas, em 2015, era de 83 pontos percentuais. Enquanto a classe A já tinha presença da internet em 99% dos domicílios, as classes DE alcançavam 16%.
“Essa diferença vem reduzindo ano após ano e, atualmente ela é de 27 pontos percentuais. Mas ainda assim, observamos uma diferença importante entre a proporção de domicílios conectados nas classes mais altas e nas mais baixas”, explicou Storino.
A classe B tem o percentual de 98% de domicílios conectados, uma ligeira queda de 1 p.p ante 2024, e a classe C fez o movimento oposto, subiu um ponto percentual, de 91% para 92%.
Metodologia: A TIC Domicílios 2025 ouviu 24.535 indivíduos respondentes e 27.177 domicílios respondentes entre março e agosto deste ano, um aumento de mais de 30% da amostra total da pesquisa, permitindo a publicação de resultados por estado e região metropolitana. O Brasil soma 157 milhões de usuários de internet, aponta a pesquisa TIC Domicílios 2025, o que representa 85% da população do país. Se forem consideradas as pessoas que afirmam não serem usuárias, mas que acabam por responder que fazem uso de aplicativos que necessitam de dados, esse número sobe em 6 milhões e chega a 163 milhões de usuários de internet, uma proporção de 88% da população brasileira.

*Isabel Butcher é editora assistente do Mobile Time.