
As fortes chuvas que tem atingido a cidade de São Paulo nos últimos dias, parece ser apenas uma das razões pelas quais, milhões de paulistanos estão vivendo sem energia em suas residências e em algumas ruas da cidade. Muitas famílias relatam ter perdido alimentos nas geladeiras, por exemplo.
A Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica na capital paulista, traz em seu site oficial, o seguinte aviso: “Atenção, São Paulo… Seguimos atuando na recuperação da rede elétrica desde a noite de sexta-feira, quando a área de concessão foi atingida por rajadas de vento de até 107 km/h provocando danos severos. Reforçamos nossas equipes próprias em campo, recebemos apoio de técnicos de outras distribuidoras e deslocamos profissionais de outros Estados“.
Publicação da Agência Brasil informa que Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, esteve em São Paulo nesta segunda-feira (14), e garantiu um prazo de três dias para a Enel regularizar a situação na capital e Região Metropolitana.
“Somados às distribuidoras CPFL, Enel, EDP, ISA CTEEP, Eletrobras, Light, Energisa, que estão aqui hoje [segunda-feira], nós estamos ampliando de 1.400 funcionários da Enel para 2.900 profissionais, além de mais de 200 caminhões para apoiar essas equipes, fora os caminhões de própria Enel, e mais de 50 equipamentos nessa força-tarefa“, teria anunciado o ministro em entrevista na sede da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), conforme a reportagem.
Falhas da Enel
Segundo matéria publicada pelo portal BBC News Brasil, o TCM-SP (Tribunal de Contas do Município de São Paulo), enviou à Enel, uma nota técnica dizendo ter identificado “graves falhas” no cumprimento de metas de investimento e na qualidade do atendimento.
A postagem informa que o TCM inumerou as principais falhas da concessionária na prestação do serviço:
- Investimento: segundo o TCM, a Enel SP descumpriu metas de investimento. Entre 2018 e 2022, a empresa teria deixado de investir R$ 1,52 bilhão previstos em seu plano de desenvolvimento da distribuição, um déficit de 32,42%;
- Tempo médio de atendimento a emergências: segundo o tribunal, a empresa aumentou 72,2% o tempo de atendimento entre 2021 e 2024, atingindo a marca de 894 minutos;
- Indicador de nível de serviço: a empresa apresentou desempenho 20% abaixo da meta regulatória estabelecida pela Aneel em 2023 para o indicador, “demonstrando que a população de São Paulo está sujeita a um serviço considerado de baixa qualidade pela Aneel”;
- Satisfação do consumidor: em 2023, diz o TCM, a empresa esteve entre as dez piores concessionárias de energia elétrica;
- Multas: Entre 2018 e 2024, a Enel foi alvo de multas da Aneel, Procon-SP e Senacon que ultrapassam R$ 355 milhões. As infrações incluem descumprimento de prazos, cobranças indevidas, interrupções no fornecimento de energia sem justificativa e falhas no atendimento aos consumidores;
- Redução no quadro de funcionários: a empresa reduziu seu quadro de funcionários em 51,5% nos últimos cinco anos. “Essa redução drástica pode estar comprometendo a capacidade da empresa de realizar manutenções preventivas, atender às demandas da população e responder de forma eficiente às emergências”, diz o TCM-SP;
- Redução de custos: o TCM observou uma redução de 48,7% nos custos operacionais entre 2018 e 2023.