“Rezemos juntos por milhões de crianças que vivem em condições semelhantes à escravidão. Toda criança abandonada, marginalizada, sem cuidados médicos e sem instrução é um grito que se eleva a Deus!”. O apelo do Papa Francisco, na luta contra a escravização infantil, pelo mundo afora, foi feito em uma publicação de ontem, 16 de abril, data escolhida pelo Movimento Cultural Cristão, para celebrar o combate a esse tipo de crime.
Segundo o Vatican News, a iniciativa do Movimento Cultural Cristão, ao promover o Dia Internacional contra a Escravidão Infantil, foi homenagear Iqbal Masih, um garoto paquistanês que faleceu aos 12 anos, enquanto tentava defender os direitos das crianças contra a exploração no trabalho.
Numa demonstração de preocupação com a causa, o Pontífice diz: “todas as crianças devem poder brincar, estudar, rezar e crescer, no seio das respectivas famílias, e isto num contexto harmonioso, de amor e de tranquilidade. Trata-se de um seu direito e de um nosso dever. No entanto, em vez de as fazer brincar, muitas pessoas transformam-nas em escravos: este é um flagelo! Uma infância tranquila permite às crianças olhar com confiança para a vida e para o porvir. Ai de quantos sufocam nelas o impulso jubiloso da esperança“.
Mercantilização e exploração de menores: “quantas crianças não conseguem sequer ver a luz? Quantas morrem de fome, ou são privadas de cuidados essenciais, ou são vítimas de abuso e violência? Quantas vidas são mercantilizadas pelo crescente comércio de seres humanos? (…) Que o Senhor console suas famílias, especialmente aquelas que aguardam ansiosamente notícias de seus entes queridos, assegurando-lhes conforto e esperança”, questionou Francisco, em sua mensagem durante a Benção Urbi et Orbi na Páscoa deste ano.
Iqbal Masih nasceu em 1983 em Muridke, Paquistão, em uma família muito pobre. Aos quatro anos ele já estava trabalhando em um forno de tijolos, aos cinco foi vendido a um comerciante de tapetes. Ele era obrigado a trabalhar 10-12 horas por dia, também sofrendo de desnutrição. Quando tinha apenas nove anos, escapou da fábrica e foi participar com outras crianças de uma manifestação da Frente de Libertação do Trabalho Escravo (BLLF). Ao voltar à fábrica de tapetes, ele se recusou a continuar trabalhando, apesar dos espancamentos. O proprietário alegou que a dívida de sua família havia aumentado em vez de diminuir. As ameaças forçaram a família a deixar a cidade, e Iqbal foi abrigado em um albergue da BLLF e recomeçou a estudar. Após viajar pelo mundo participando de conferências, em 16 de abril de 1995, Iqbal foi morto no Paquistão Foto: Reprodução VN). Mais detalhes, lá no Vatican News.