As “trocas” de ideias entre a Comissão de Espadeiros de Cruz das Almas e os fabricantes de fogos de artifícios de Estância (SE); parte final
Em Estância (SE), segundo os organizadores, a regulamentação da produção e queima dos fogos (buscapé), contou com a participação ativa da Câmara de Vereadores, prefeitura e da própria população, que juntos buscaram um entendimento e a partir de reunião com o secretário de Segurança do Estado e o tenente do Exército, obtiveram a autorização, e o Legislativo criou decretos determinados locais e horários para queima.
“Aconteceu aqui, não a proibição. Prenderam fogos, só que a cidade se movimentou de um jeito, junto com os políticos, conseguiram até trazer na época, o secretário de Segurança Pública, o tenente do Exército que veio devido ao material que é explosivo, e terminou, na festa, o secretário de Segurança com documento para soltar espada e buscapé. Só assim, quebrando as arestas“, contou José Dionísio (Dió), presidente da Associação dos Fogueteiros e Barqueiros.
Já o vereador Paulinho Policial, informou que em Cruz das Almas, foi criada uma Comissão envolvendo alguns segmentos da sociedade, como Ministério Público, polícias Militar e Civil, agentes de cultura, representante da prefeitura, imprensa, etc, mas ainda está em fase embrionária.
Todos concordaram sobre a importância de ter apoio e união para avançar.
De acordo com as informações, no município sergipano ainda existem os fabricantes clandestinos. Porém, os organizadores dizem tentar dialogar com eles para que todos possam “brincar” em harmonia, mas eles acabam tocando seus fogos em ruas de um determinado bairro. “Nos nossos eventos, só a gente solta“, disse Adenilson da Conceição (Crid Fogueteiro). “Espadas não podem ‘jogar’ [porque] tem muitas crianças ao lado“, continuou ele, ao explicar os riscos da tocada desordenada.
Respeito ao comércio: na cidade de Estância, por exemplo, os tocadores de fogos respeitam o horário comercial. Ou seja, só tocam seus artefatos no período noturno. O pessoal de lá, ficou abismado por ter visto através de vídeos nas redes sociais, que em Cruz das Almas, ainda acontece queima de espadas durante o dia, atrapalhando o comércio. “Esse é o problema. Talvez por isso é que foi proibido“, comentou um dos estacianos. Por sua vez, Paulinho Policial disse acreditar existirem, também, outros fatores.
Ainda conforme Crid Fogueteiro, durante o período junino, em Estância, são tocadas cerca de 5 mil dúzias de fogos. “A fabricação de espadas de Cruz das Almas, fomenta o São João de vários municípios“, destacou Cléo Rocha, presidente da Associação dos Espadeiros
De acordo com as informações, na “Capital Brasileira do Barco de Fogo“, atualmente acontece um concurso que premia, por exemplo, a melhor espada, o melhor barco de fogo, entre outras categorias. Por lá, também existe o Museu dos Fogos. A festa junina inicia em 31 de maio e finaliza no dia 30 de junho.
Renda: outro ponto abordado, foi o aquecimento das economias nos municípios e na renda dos produtores que comercializam esses fogos. “Eu sustento a minha família com a venda de fogos“, revelou Crid Fogueteiro.
Projeto: no encontro que aconteceu na Associação dos Fogueteiros e Barqueiros, entre as ideias compartilhadas, discutiu-se a possibilidade de se criar um projeto para regulamentar as espadas em Cruz das Almas, em conformidade com a realidade local. “Uma das coisas que amenizou muito a ‘guerra’ aqui, foi um projeto do presidente da Câmara [de Vereadores], na época, André Graça… e hoje Estância está caminhando no sentido mais humanitário na soltura de fogos… esse projeto ajudou muito e popularizou o fogo para [ser tocado em] um lugar [próprio]”, confessou o presidente da associação, referindo-se ao Buscapezódromo. De maneira colaborativa, os anfitriões entregaram cópias com modelos de seus projetos e decretos, para servir de base para os crusalmenses.
Autorização x apreensão de fogos: “aquela insistência minha que eu vejo como uma perspectiva diferente da produção de vocês. Por exemplo, aqui a gente faz uma requisição à prefeitura, para 200 dúzias desses fogos, então, existe esse limite de soltura“, comentou o diretor de Turismo, Wesley Nascimento. “Tem um irmão meu que é um dos que mais faz espadas lá, no outro ano perdeu 110 dúzias de espadas que eles [os policiais] tomaram… ele não pode nem pensar em fazer espadas porque estão seguindo ele para tomar [apreender]… mas aqui você [Crid Fogueteiro] tá sempre no meio organizando… tem o nome de fogueteiro tradicional, lá não existe fogueteiro tradicional“, confessou um dos fazedores de espada de Cruz das Almas, presente no encontro. “Eu mesmo perdi uma quantidade naquele dia“, revelou outro espadeiro cruzalmense, ao reportar-se a uma das ações da PM para apreender o produto no município. – Opção não revelar os nomes de ambos.
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