Carnaval de Salvador: Ara Ketu protesta contra cachê que chamou de ‘humilhante’; prefeitura recua após repercussão negativa e banda tocará

“ESTAMOS DESISTINDO DE DESFILAR NO CARNAVAL DE SALVADOR EM 2024! No dia 27 de janeiro, fomos surpreendidos, mais uma vez, pela Prefeitura de Salvador com um tratamento que desvaloriza a nossa apresentação no carnaval. 31 anos depois a história se repete…”, assim a diretoria do Ara Ketu iniciou um textão em suas redes sociais na última terça-feira (31), após não aceitar uma proposta considerada pela agremiação como “humilhante da prefeitura“, para participar do carnaval deste ano, que começa na próxima semana.
O protesto do Ara Ketu comoveu o público, os amigos e a imprensa. Após a repercussão negativa, os organizadores do evento recuaram da proposta inicial e resolveram atender o valor pedido pelos representantes da banda afro, que é uma das mais tradicionais do carnaval baiano.
A diretoria do bloco afirma que até a data da publicação, houve uma tentativa de argumento “mas mediante a resposta negativa e até humilhante da prefeitura, resolvemos sair do Carnaval de Salvador. Percebemos que não temos valor aqui, que não nos querem aqui, talvez pelo fato de pertencer a uma comunidade Preta e pobre, local que em nada é romantizado pela classe branca e mandatária de nosso Estado/Cidade“, escreveu.
O longo texto segue e faz referência também à coragem de Vera Lacerda, que em março de 1980 fundou o bloco.
O portal Uol informou nesta quinta-feira (1º), que teve acesso ao valor oferecido pela prefeitura de Salvador ao Ara Ketu. Um cachê de R$100 mil. A banda, no entanto, disse ter pedido R$150 mil. E lamentou que o valor oferecido pelos organizadores era o mesmo recebido em 2017, “ou seja, congelamento de nossos serviços por 7 anos“.
Em outro trecho, o Uol afirmou ter procurado “a Saltur (Salvador Turismo), responsável pela contratação de músicos para o Carnaval de Salvador“, mas até a publicação da matéria a empresa não havia se manifestado. O Acesse News, também mantém o espaço aberto, caso a Saltur queira se posicionar.
A boa notícia: no dia seguinte (quarta-feira, 31), a diretoria do Ara Keto fez uma nova postagem em sua conta @araketu, com a boa notícia. “As conversas com o governo e a prefeitura foram retomadas e houve o entendimento da importância cultural do Ara Ketu como bloco afro, com os devidos ajustes financeiros“. – Com isso, tanto a Banda quanto o Bloco Ara Ketu vão para as ruas. No entanto, os abadás não serão vendidos. “Parte será distribuída para a comunidade de Periperi e parte será trocada por alimentos não perecíveis, que serão doados no Instituto Ara Ketu após o Carnaval“, afirma.
