Cruz das Almas: Audiência Pública para tratativas da fabricação e tocada da espada de fogo, promete avançar
A Audiência Pública para discutir e buscar alinhamentos sobre o fabrico e queima da espada de fogo, proposta pelos vereadores Thiago Chagas (presidente do Legislativo) e Paulinho Policial, ambos do PSD, que aconteceu na noite desta quinta-feira (15), na Biblioteca Carmelito Barbosa Alves, no município de Cruz das Almas, no Recôncavo da Bahia, proporcionou sinais de avanço.
Numa ‘mesa’ composta pelos proponentes e mais, o promotor José Reis Neto, Major da PM Alexandre Messias, representante do Poder Executivo, secretário Eurícles Neto, presidente e vice da Associação do Espadeiros, Cléo Rocha e professora Tita, foram apresentados vários relatos sobre as ações já realizadas desde a data proibição do fabrico e queima do artefato, determinado pelo Ministério Público da Bahia, em 2011.
Um dos pontos cruciais e que provocou a ideia da audiência, foi a atuação da Polícia Militar, numa operação após a realização da Alvorada da Rio Branco na virada da noite do dia 31 de maio para 1º de junho, em Cruz das Almas. Para tentar dispersar os grupos de espadeiros que estavam tocando o artefato proibido na Rua Ruy Barbosa (antiga Rua da Estação), próximo ao local do evento, a PM usou bombas lacrimogêneas (gás de pimenta), que atingiu também pessoas que retornavam da festa e quem estavam em suas residências.
“Nós vivemos numa cidade em que a tradição do nosso festejo é muito forte, o São João. E não tem como dizer que no nosso São João [2023], não haverá espadas [de fogo], mesmo ainda estando proibida. Nós não estamos aqui hoje, no sentido de liberar a espada. Quem anda contando essa ‘estória’… está querendo um tumulto, está querendo travar o diálogo entre as autoridades, e nós como representantes do povo, temos que ter responsabilidade daquilo que a gente coloca“, comentou o presidente Thiago Chagas.
De acordo com Major Messias, ao contrário das reclamações, tecnicamente a ação de seus comandados na madrugada do dia 1º, aconteceu dentro dos padrões recomendados para o tipo de operação onde haja indícios de tumultos. Em alguns momentos, o comandante explicou que a polícia apenas fez e continuará fazendo cumprir a lei de proibição da tocada do referido fogo de artifício confeccionado a partir de material explosivo.
“Esse é um problema que nos assola há mais de 12 anos. Doze anos [existe] a proibição. Mas antes disso já havia a prática proibida e a Polícia Militar era acionada coibir e reprimir determinadas práticas…”, ressaltou. Ele disse lamentar que o motivo do encontro desta quinta-feira, tenha sido para discutir a ação da PM contra uma prática criminosa que aconteceu após a Alvorada, mas também considerou um avanço a busca do diálogo entre os participantes, objetivando encontrar um equilíbrio entre as atividades dos espadeiros e da PM.
Reforçando essa tese, o promotor José Reis, reafirmou: “me parece que há um certo consenso de que, do jeito que era [permito a fabricação e tocada das espadas] não será mais. Não dá pra entender que no São João se pode tudo aqui nessa cidade, porque não é [assim]”. Para ele, a festa do São João local que já é grandiosa, crescerá ainda mais a partir do controle desse tipo de artefato.
Todos os componente da mesa se pronunciaram e concordaram em encontrar uma solução, para evitar que continue acontecendo os confrontos nas ruas, entre espadeiros e policiais. Na etapa final, o presidente da associação apresentou a ideia de um projeto da categoria para a adequação as normas exigidas, porém, necessita de apoio financeiro. Uma comissão inicialmente composta por oito instituições (Executivo, Legislativo, Ministério Público, Polícia Militar, Polícia Civil, Espadeiros, Ordem dos Advogados e Imprensa), foi criada para a partir do mês de agosto, começar uma ‘força de trabalho’, para elaboração das tratativas.