*Editorial – Por: Dell Santana
Em determinado momento do discurso da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na tarde do último domingo (1º), em Brasília, o público presente nas Esplanadas dos Ministérios gritava em coro… “Sem anistia“, referindo-se a supostos crimes cometido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) , durante seu mandato.
O pedido da plateia para que Bolsonaro seja investigado pela Justiça por suspeitas de tais crimes, pode ter reais chances de acontecer. Principalmente porque agora como ex-presidente, ele perdeu o foro privilegiado e passa a responder à Justiça comum.
De acordo com os últimos noticiários, pesam contra ele, ao menos quatro inquéritos em que era investigado com autorização do STF (Superior Tribunal Federal), enquanto ainda governava o país. São eles: Inq 4781 (Das fake news, sobre ataques e notícias falsas contra ministros do STF); Inq 4831 (Sobre interferência na Polícia Federal); Inq 4878 (Sobre o vazamento de dados sigilosos de ataque ao TSE) e Inq 4888 (Sobre a divulgação de notícias falsas sobre a vacina contra covid-19).
O ex-chefe do Executivo Federal, também enfrenta acusações feitas pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19, as quais estavam sendo apuradas pela PGR (Procuradoria Geral da República).
Essas informações foram amplamente divulgadas pela grande mídia do país, a exemplo da BBC News Brasil. O veículo noticiou ainda, que especialistas ouvidos por sua reportagem, disseram não acreditar que Bolsonaro seja anistiado.
Por outro lado, o ex-presidente Michel Temer (MDB), disse recentemente em um evento promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico, que o novo presidente da República deveria trabalhar “em um grande pacto nacional“. E sugeriu: “isso vai significar, talvez possa significar, a hipótese de anistias do passado“, ao referir-se ao Pacto de Moncloa, que marcou a redemocratização da Espanha em 1977. “Quando falo nesse pacto de pacificação, estou imaginando que seria verificado, se houver anistia, o que é anistiável e o que não é. Mas seria um gesto de harmonia no país“, emendou ele.
Vale lembrar que Temer, em 2010 foi eleito vice-presidente na chapa com Dilma Rousseff (PT) e até hoje é acusados pelos petistas de ser um dos mentores do que eles chamam de ‘golpe’ que em 2016 derrubou a presidenta e assumiu o seu lugar. – Ou seja, uma sugestão dele, como essa, tem grande chance de ser ignorada por Luiz Inácio.
O fato é que Jair Bolsonaro, além das acusações citadas acima, ainda tem contra si, atos como a determinação de sigilo de 100 anos sobre documentos seus e de aliados (Lula já determinou a anulação) e para completar, recusou-se a passar a Faixa Presidencial ao próprio Lula, no último domingo, preferindo viajar para os EUA, dois dias antes. Sem a ex-primeira dama (?).
Apesar de ainda usufruir do apoio de quase metade do eleitorado brasileiro, (fieis exércitos do capitão), porém, quem tem visto imagens de Jair Messias Bolsonaro nos últimos dias, tem percebido um semblante abatido. Aparentemente preocupado. Muito diferente daquele homem falastrão, sem ‘papas na língua’, que chegava a flertar com a arrogância. Ele sabe que sua derrota para o petista, não representa apenas a perda do mandato. Há mais coisas em jogo.
Desde os resultados das urnas no dia 30 de outubro, ele tem se mostrado mais recluso. Primeiro se ausentou das redes sociais (está retornando aos poucos) talvez a sua principal aliada na comunicação com seu público durante seu governo. Não tem dado tantas entrevistas à outros canais. E por fim, saiu do país, antes da hora. Será por alguma premunição… ou algum presságio?
Há de se acompanhar, como ficará seu prestígio político e sua capacidade de lideraranca (sem o cargo), após o baque das urnas, sua crise conjugal e suas atitudes finais. Tudo acontecido simultaneamente!
– O resultado dessa tríplice ‘raquetada’, só o tempo mostrará!
*Dell Santana, é graduado em Comunicação Institucional (Faculdade Sumaré – SP), editor do Acesse News e filiado a ABI (Associação Baiana de Imprensa).